Fale um pouco sobre o Purgatório

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R.: Em nosso tempo, Inferno e Purgatório parecem ter caído em descrédito. Muitos dos que se dizem cristãos católicos não aceitam estes pontos de nossa doutrina, sem qualquer drama de consciência e sem importar-se se estão fora da comunhão com o pensamento da Igreja.
Porém, o Purgatório faz parte de nossa doutrina católica. E vou dizer o que nos ensina o Catecismo da Igreja Católica:
As pessoas que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida sua salvação eterna, passam, após sua morte, por uma purificação, a fim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do Céu.
A Igreja denomina Purgatório esta purificação final dos eleitos, que é completamente distinta do castigo dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório sobretudo nos Concílios de Florença (1438-1445) e de Trento (1545-1563). Fazendo referência a certos textos da Bíblia, a tradição da Igreja fala de um “fogo purificador”.
Sobre isso escreveu o Papa São Gregório Magno, no final século VI: “No que concerne a certas faltas leves, deve-se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo o que afirma aquele que é a Verdade, dizendo que se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoada nem no presente século nem no século futuro (cf. Mt 12,32). Desta afirmação, podemos deduzir, argumenta São Gregório Magno, que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro”.
O apelo a Cristo para obter misericórdia junto de Deus, no dia do juízo, em favor de Onesíforo, que encontramos em 2Tm 1,18, supõe a convicção de que também após a morte ainda é possível uma sentença mais favorável que a estritamente merecida.
Este ensinamento apóia-se também na prática da oração pelos defuntos, da qual já a Sagrada Escritura fala: “Eis por que ele [referindo-se a Judas Macabeu] mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, a fim de que fossem absolvidos de seu pecado” (2Mc 12,46). Desde os primeiros tempos, a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em seu favor, em especial o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, eles possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos, conforme as palavras de São João Crisóstomo (século IV): “Levemos a eles socorro e celebremos sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai (cf. Jó 1,5), por que deveríamos duvidar de que nossas oferendas em favor dos mortos lhes levem alguma consolação? Não hesitemos em socorrer os que partiram e em oferecer nossas orações por eles”.
Bem, é isso o que a nossa Igreja Católica Apostólica Roma pensa a respeito do Purgatório. Gostaria de lembrar apenas que, longe de um castigo pela nossa infidelidade a Deus, o Purgatório é sinal de amor de Deus por nós, pecadores, pois ele deseja a nossa salvação eterna.

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