Fale sobre a devoção aos anjos da guarda.

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R.: A Igreja nos ensina (Missal Romano) que, “na história da salvação, Deus confia aos Anjos o encargo de proteger os patriarcas (Gn 48,16), os seus servos (Dn 3,49-50; Sl 34,8) e todo o povo eleito (Ex 23,20-23). Pedro, na cadeia, é libertado por seu Anjo (At 12,7-11.15). Jesus, para defesa dos pequeninos, diz que os Anjos deles vêem sempre a face do Pai que está nos céus (Mt 18,10)”.
No Catecismo da Igreja Católica lemos: “Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção [do anjo] e por sua intercessão. Cada fiel é ladeado por um anjo como protetor e pastor para conduzi-lo à vida. Ainda aqui na terra, a vida cristã participa na fé da sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus” (CIC 336).
“O nosso Anjo da Guarda tem por ofício proteger-nos e defender-nos, a fim de que, debaixo da sua proteção e ao abrigo das ciladas do inimigo, possamos alcançar a vida eterna. Este companheiro fiel merece, de nossa parte, aquela veneração e sentido de reconhecimento que se devem tributar a um Santo que goza já da visão beatífica do céu. Para nos encorajar nessa prática, a Igreja instituiu a memória dos Santos Anjos da Guarda” (Missal Quotidiano e Vesperal).
A celebração da memória dos Santos Anjos da Guarda durante muitos séculos confundiu-se com a de São Miguel Arcanjo. Já no século XVI era celebrada separadamente desta na Espanha e foi estendida a toda a Igreja universal pelo Papa Clemente X em 1670, que a fixou no primeiro dia livre depois da festa de São Miguel Arcanjo, segundo o calendário litúrgico da época, ou seja, no dia 2 de outubro.
Alguns papas do século XX falaram sobre os Anjos da Guarda. Pio XI, em certa ocasião, declarou que o seu Anjo o ajudou em tudo o que pode fazer de bom na vida; e também confessou várias vezes que todos os dias, de manhã e à noite, e mesmo outras vezes durante o dia, repetia a singela oração ao Anjo da Guarda, que tantas mães ensinam até hoje a seus filhinhos. Monsenhor Ângelo Roncalli, o futuro Papa João XXIII, escreveu em uma carta datada de 3 de outubro de 1948: “Quando tenho que visitar alguma personalidade importante para tratar de assuntos da Santa Sé, peço ao meu anjo para que entre em acordo com o Anjo da pessoa que vou encontrar, para que influa nas suas disposições. É uma pequena devoção da qual o Santo Padre Pio XII me falou uma vez, e que considero muito frutuosa”.
Mas não é só a Igreja que fala dos Anjos. O teólogo alemão Anselm Grün, na sua obra Cada pessoa tem um anjo, fala da importância psicoterapêutica da crença nos anjos, a partir dos escritos de Karl Jung: “À criança, os anjos transmitem a experiência de uma segurança mais profunda do que os pais podem oferecer-lhe. Dizem-lhe que um outro poder estende sobre ela sua mão protetora. Isto tranqüiliza suas angústias mais profundas. Assim como os contos [de fada] mantêm a criança em contato com a fonte de vida do inconsciente, da mesma forma também a idéia dos Anjos”.
O Papa João Paulo II, preocupado em propagar o ensino tradicional da Igreja sobre os Anjos, disse: “É verdade que o materialismo e o racionalismo de todos os tempos têm negado ou procurado desmerecer a existência dos anjos. Negar sua existência ou sua função é rejeitar as Escrituras e, com essas, toda a História da Salvação”.
Repito as palavras de Pio XII, no final de uma alocução a peregrinos dos Estados Unidos, poucos dias antes de morrer: “Mantenham uma certa familiaridade com os Anjos, cuja constante solicitude serve para nossa salvação e santificação. Se Deus quiser, vós transcorrereis uma eternidade de alegria com os Anjos: aprendei a conhecê-los desde já”.

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