Na ladainha de Nossa Senhora, uma ouvinte acha errado dizer “Mãe do Criador”, uma vez que Maria é Mãe do Salvador e não do Criador. Pede explicação.

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R.: Na Festa da Santíssima Trindade procura-se sempre explicitar ao máximo o mistério trinitário, mas, como é mistério, jamais poderemos compreendê-lo racionalmente; só a fé pode transcender a razão e nos abrir ao mistério do Deus Uno e Trino.
Por uma questão, digamos, “didática”, afirmamos sobre cada uma das pessoas das Santíssima Trindade atribuições diferentes: o Pai é o Criador, o Filho é o Redentor e o Espírito Santo é o Santificador. Porém, não podemos esquecer que a Trindade é inseparável. As três Pessoas Divinas coexistem simultaneamente e originalmente são as três co-eternas. Pai, Filho e Espírito Santo emergem sempre mutuamente implicados e relacionados. Segundo definiu a teologia a partir do século VI, ao cunhar a expressão grega “pericórese”, que significa que cada Pessoa contém as outras duas, cada uma penetra as demais e se deixa penetrar, uma mora na outra reciprocamente. Assim, por coexistirem desde a eternidade, tudo o que se afirma sobre uma das Pessoas divinas pode-se afirmar sobre as outras duas. Portanto, Pai e Filho e Espírito Santo são Criadores; Pai e Filho e Espírito Santo são Redentores; Pai e Filho e Espírito Santo são Santificadores.
Sendo assim, para nossa concepção racional limitada, pode parecer incorreto dizer, de Maria, “Mãe do Criador”, como aparece na Ladainha; no entanto, teologicamente, está correto.

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