A teologia ensinada na Igreja Protestante é a mesma da Igreja Católica?

Não se pode falar de igreja protestante, uma vez que são várias as igrejas surgidas a partir da Reforma protestante do século XVI. Há muitos pontos de semelhança e muitos pontos divergentes nas teologias protestantes e na católica. De maneira geral, todo o protestantismo se reconhece nas afirmações centrais dos ensinamentos de Lutero: a autoridade soberana da Bíblia; a justificação pela fé e o sacerdócio universal dos crentes.
Em relação a estes pontos, o que ensina a Igreja católica?
A Igreja católica coloca a Tradição ao lado da Sagrada Escritura. O Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Dei Verbum sobre a Revelação Divina, ensina que “A Sagrada Tradição e a Sagrada Escritura estão estreitamente relacionadas entre si. Derivando ambas da mesma fonte divina, formam como que uma coisa só e tendem ao mesmo fim. Com efeito, a Sagrada Escritura é a Palavra de Deus enquanto foi escrita por inspiração do Espírito Santo; a Sagrada Tradição, por sua vez, transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a palavra de Deus, confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos, para que os sucessores destes, com a luz do Espírito de verdade, a conservem, a exponham e a difundam fielmente na sua pregação; por conseqüência, não só da Sagrada Escritura que a Igreja tira a sua certeza, a respeito de todas as coisas reveladas. Ambas [Sagrada Escritura e Tradição] devem portanto ser recebidas e veneradas com igual afeto de piedade”.
Em relação à justificação pela fé, a Igreja católica nos ensina que a fé só é verdadeira se vier acompanhada de obras. Fé sem obras é morta, como nos ensina a Carta de São Tiago 2,17.
A Igreja católica também ensina o sacerdócio comum dos fiéis, como aprendemos na Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja, do Concílio Vaticano II, mas ensina também o sacerdócio ministerial ou hierárquico. Lemos no parágrafo 10 da Lumen Gentium: “O sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico, apesar de diferirem entre si essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se um para o outro; de fato, ambos participam, cada qual a seu modo, do sacerdócio único de Cristo. O sacerdote ministerial, pelo poder sagrado de que é investido, organiza e rege o povo sacerdotal, oferece o sacrifício eucarístico na pessoa de Cristo em nome de todo o povo; por seu lado, os fiéis, em virtude do seu sacerdócio régio, têm também parte na oblação da eucaristia, e exercem o sacerdócio na recepção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade operante.