Uma ouvinte pergunta a razão de tanto sofrimento, apesar de não fazer mal a ninguém.



A questão da dor e do sofrimento sempre foi um mistério para o ser humano, principalmente para aqueles que querem viver como justos, de acordo com a vontade de Deus. A Sagrada Escritura dedica todo um livro, o Livro de Jó, à questão do sofrimento do justo.
         O mistério da comunhão dos santos, que faz parte da nossa profissão de fé, pode nos ajudar a compreender teologicamente o sofrimento do justo, uma vez que ele faz parte de um corpo místico formado por toda a humanidade; segundo o que já foi dito hoje como resposta à primeira questão, o que atinge um atinge todos, pela comunhão dos santos; assim, também os males podem nos atingir, não pelas nossas culpas, mas pela nossa condição de membros da humanidade.
         Há, ainda, a questão lembrada pelo Catecismo da Igreja Católica, de que, na doença, o homem experimenta sua impotência, seus limites e sua finitude. Toda doença pode nos fazer entrever a morte. A enfermidade pode levar a pessoa à angústia, a fechar-se sobre si mesma e, às vezes, ao desespero e à revolta contra Deus. Mas também pode tornar a pessoa mais madura, ajudá-la a discernir em sua vida o que não é essencial, para voltar-se àquilo que é essencial. Não raro, a doença provoca uma busca de Deus, um retorno a Ele. Assim, a dor e o sofrimento do ser humano pode ser um aspecto da Sabedoria de Deus: se sendo finitos e mortais já nos afastamos tanto d'Ele e de seu Reino, imagine se fôssemos imortais. A experiência da dor e do sofrimento deve sempre nos levar a valorizar o que é eterno e não as coisas passageiras desta vida. Que a dor e o sofrimento seja para o ser humano sempre um caminho de conversão. Experimentando a dor em nós, devemos nos abrir à compaixão para com os outros irmãos também enfermos e sofredores. A dor e o sofrimento podem nos ajudar a sermos mais solidários. 

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